domingo, 25 de abril de 2010

Olhar e rosto

Sempre fascinei-me por rostos. Óbvio que olho mais para os mais bonitos, mas atento-me também à expressão que pode neles desempenhar-se, e esta, até mesmo nos mais feios. Não requer idade, critérios, nem sequer humanidade. A feição é universal, útil aos enamorados, à família escolhida ou não, a quaisquer conjuntos de relações humanas que o leitor julgar relevante. A utilidade consiste em seu desvendar, em sua eficaz compreensão e deciframento. Pode não ser tão fácil como as vezes possa parecer, e digo que, em alguns casos, trata-se de um quebra-cabeças e tanto. As mulheres estão aí e não me deixam mentir. O esforço do decifrador de feições deve concentrar-se nos olhos. É batido, sim, mas o olhar diz muito, e, quando dois cruzam-se, é para não deixar dúvidas: tem alguma coisa ali. Algo de novo, de antigo, de futuro ou remanescência, isso no jogo do flerte, ou de tristeza compartilhada ou compaixão, nos casos de tragédia. Ou de felicidade conjunta, de orgulho mútuo por objetivo alcançado, de paixão vazada e de ódio recíproco, pra se dizer dos mais fortes.

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